O difícil tema da morte
Se para os adultos falar e lidar com o tema da morte é difícil por si só, mais difícil se torna quando chega o momento de falar sobre o mesmo com as crianças.
Para abordar o tema de hoje, apresento-lhe algumas estratégias de comunicação facilitadoras nestas situações e, para tal, os assuntos tratados serão:
- A validação dos sentimentos
- A compreensão das emoções
- As perguntas da criança
- Estratégias de comunicação
Validar os sentimentos da criança
Na sequência da morte de uma pessoa próxima, a criança tende a questionar os pais se vão morrer também, assim como ela. É importante que os pais ou familiares de referência assegurem à criança a liberdade de perguntar o que desejar, além de outras pessoas com as quais poderá, também, falar sobre o assunto. Entre elas:
Pais/Familiares de referência
Um amigo
Um Professor
O Psicólogo da Escola
Entre compreender e sentir
“O sofrimento e a dor não têm a ver com a nossa capacidade para compreender mas sim com a nossa capacidade para sentir.”
Wolfet, 1977
A dor não se compreende. A dor sente-se. É na validação das emoções da criança que a comunicação deverá basear-se. Auxilie na identificação das suas próprias emoções, recorrendo ao questionamento através de imagens das expressões faciais, por exemplo, facilitando a sua verbalização.
Nota: Se a criança não referir nenhuma das emoções, incentive-a a escrever ou a desenhar aquilo que está a sentir.
As perguntas da criança
"É errado chorar?"
Os pais, numa atitude protetora, optam por fingir que nada aconteceu, o que dificulta a compreensão da criança sobre as suas próprias emoções. Normalize os sentimentos e que chorar é perfeitamente normal, ajudando inclusivamente a lidar com as emoções.
"A culpa é minha?"
Perguntas como “Morreu porque eu me portei mal?” são comuns por parte da criança. Assegure-lhe que quando alguém morre, a culpa não é dela. Repita-o as vezes que forem necessárias.
"Vou voltar a sentir-me bem?"
Explique à criança que as emoções são como ondas e que mesmo não havendo uma fórmula mágica para se sentir bem, há coisas que pode fazer: caminhadas, conversar ou manter um diário.
"É errado divertir-me?"
Assegure à criança que manter as suas atividades preferidas é uma forma de se sentir melhor e mais capaz de lidar com a nova situação que vive.
“O que é um funeral?”
Explique e contextualize o funeral como uma cerimónia onde todos os familiares e amigos podem relembrar e falar sobre a pessoa que morreu. Permita à criança, se for o seu desejo, que esteja presente. Caso não seja possível (pela idade ou circunstância), incite-a a fazer um desenho ou a escrever uma memória bonita sobre a pessoa.
“Como honrar e relembrar a pessoa?”
Diferentes famílias têm diferentes formas de honrar e relembrar pessoas falecidas. Explique à criança a diversidade de tradições dando exemplos tais como rezar, mediante a religião de cada um, acender uma vela, incenso, entre outras que se coadunam com os valores e tradições da família.
Estratégias de comunicação
Frases que devem ser evitadas
Os adultos deverão ter em conta a importância das respostas claras, garantindo à criança uma boa gestão das suas emoções e a integração daquela situação na sua vida.
Assim, evite frases como:
“As coisas vão melhorar.”
“O tempo ajuda a curar.”
“Vai correr tudo bem.”
“Amanhã já volta curado.”
“Vais ultrapassar isso.”
“Não chores mais, anima-te!”
“Estava destinado a acontecer.”
“O tempo curará tudo.”