Os filhos e a importância das amizades

Denise C. Rolo

Denise C. Rolo

Dedica-se atualmente à prática de clínica privada com intervenção centrada nas áreas da infância, adolescência e parentalidade.

A necessidade de amizades é indiscutível e todos nós, inequivocamente, precisamos de amigos. A fase da infância e da adolescência acarreta uma necessidade ainda maior. É urgente sublinhar que o mais importante não é o número de amizades mas a qualidade da relação com pelo menos um ou dois amigos.

A diversão, o sentido de pertença e o companheirismo são apontados, pelas crianças e adolescentes, como os principais motivos das amizades. Apesar do referido, existem outras e variadas razões pelas quais as amizades são tão importantes.

Abordarei dois pontos essenciais para uma reflexão sobre esta temática:

  • Os benefícios das amizades;
  • O que caracteriza uma boa amizade

Os amigos não só influenciam no presente como também lançam as bases de influência para os relacionamentos futuros, a forma de estar, as carreiras que escolhem, a auto-estima, a escolha de parceiro(a) e até a forma como educam os seus próprios filhos.

Os benefícios das amizades

Os momentos mais marcantes nas aprendizagens nem sempre acontecem dentro das salas de aula. Vejamos alguns dos principais benefícios de um vículo de amizade:

  • Resolução de problemas e gestão de conflitos;
  • Decidir e distinguir o certo do errado;
  • Gestão de provocações;
  • Capacidade de se afirmar e defender a sua opinião;
  • Entendimento de diferentes opiniões e empatia;
  • Desenvolvimento da identidade na relação com os outros;
  • Cooperação e partilha com o grupo de amigos;
  • Regulação das emoções e auto-controlo;
  • Reconhecimento das limitações;
  • Desenvolvimento da confiança e lealdade;
  • Expressão de sentimentos e necessidades;
  • Desenvolvimento da resiliência;
  • Capacidade para se divertir.

O que caracteriza uma boa amizade?

Quanto melhor os pais entenderem como os filhos se relacionam com os outros, mais facilmente identificam as suas habilidades e limitações sociais.

Os pais podem ajudar os seus filhos a ter uma melhor perceção sobre as suas amizades. Para tal, segue um pequeno questionário de apoio parental para que, ambos os pais em conjunto, ajudem o filho a analisar melhor a qualidade das suas amizades.

Questões a ponderar em família:

  • “O meu amigo ajuda-me se alguém fala sobre mim.”
  • “Eu e o meu amigo divertimo-nos muito juntos!”
  • “Quando algo acontece, bom ou mau, eu quero partilhar com o meu amigo.”
  • “Eu e o meu amigo às vezes discordamos mas falamos sobre o assunto.”
  • “Eu e o meu amigo ajudamo-nos um ao outro.”
  • “Eu e o meu amigo podemos partilhar segredos.”
  • “Eu e o meu amigo sabemos tudo um sobre o outro e aceitamo-nos tal como somos.”
  • “Podemos confiar um no outro.”
  • “O meu amigo encoraja-me a fazer o que está certo.”
  • “O meu amigo faz-me sentir bem comigo mesmo.”

Se o seu filho(a) não assinalar o maior número de situações, é tempo de repensar as amizades. Em conjunto, auxilie a refletir sobre os pontos abordados e promova a valorização de todos os aspetos mencionados.

Referências bibliográficas:

  • Borba, M. “Nobody likes me, everybody hates me”, San Francisco: Jossey-Bass, 2009
  • Strecht, P. “Interiores: uma ajuda aos pais sobre a vida emocional dos filhos”, Lisboa: Assírio&Alvim, 2003
  • Sá, E. “Manual de instruções para uma família feliz”, Lisboa: Fim de Século Edições, 2002

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