Como abordar o tema da menstruação?

Denise C. Rolo

Denise C. Rolo

Dedica-se atualmente à prática de clínica privada com intervenção centrada nas áreas da infância, adolescência e parentalidade.

Considerado um dos momentos mais importantes no desenvolvimento da rapariga, o tema da menstruação deve ser encarado com a maior naturalidade. O papel dos pais na abordagem ao tema é essencial, e que deverá primar pela simplicidade.

«Menarca» é o termo que define a primeira menstruação. Conversar sobre o tema antes da idade próxima da mesma surgir é muito importante. Porquê? Quando os pais iniciam a abordagem ao tema apenas no momento da primeira menstruação, a tendência é gerar ainda mais ansiedade na púbere, já condicionada por uma mudança muito significativa na sua vida. O facto de ter este impacto emocional, nunca é de mais relembrar: assuma uma postura o mais natural possível.

Como e o que deverei falar?

Cada família é única e o diálogo entre cada um dos seus elementos, também. Contudo, podemos reunir algumas orientações gerais que facilitam a introdução deste tema:

  • A abordagem ao tema requer o máximo de naturalidade;
  • Não sobrecarregue a jovem com excesso de informação;
  • Selecione momentos do dia-a-dia para abordar o tema;
  • Instrua com informação teórica, por exemplo, o que acontece no corpo durante a menstruação;
  • Instrua com informação prática: por exemplo, como usar o penso higiénico ou outros métodos de higiene;
  • Adote uma comunicação afetuosa e simples;
  • Respeite o tempo da jovem.

 

O maior reforço incide na disponibilidade dos pais para esclarecer todas as dúvidas, não minimizando qualquer tema que possa ser abordado. Dê espaço à jovem para que, através de uma comunicação segura, possa expressar as suas necessidades e receios.

Algumas estratégias práticas

Para finalizar, sublinho algumas estratégias comportamentais que poderá adotar e que facilitarão a integração desta temática na dinâmica familiar:

  • Adote uma postura positiva e de total disponibilidade;
  • Não demonstre preocupação;
  • Não adie respostas: tente responder no momento e se não souber o que dizer, assegura à jovem que procurará informação para, mais tarde, retomarem o assunto;
  • Adote um discurso com recurso a exemplos práticos, integrados no dia-a-dia da jovem;
  • Compre antecipadamente produtos de higiente feminina para mostrar e instruir de forma mais dinâmica e eficaz;

Por último, partilhe a sua própria experiência com a sua filha. Através de um diálogo sincero e de uma aproximação saudável ao tema, estará a contribuir para uma maior facilitação na gestão do mesmo por parte da jovem.

Abrace as dúvidas. Assegure o seu apoio e presença.

 

Referências bibliográficas:
Nágera-Vallejo, A. “Os Adolescentes e os Pais”, Lisboa: Editorial Presença, 2003
Boisvert, C. “Pais de adolescentes: da tolerância à necessidade de intervir”, Lisboa: Climepsi Editores, 2006

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